Cranioplastia

Cranioplastia em termos gerais é definido como a reparação de um defeito ou deformidade do crânio que pode ser primário ou secundário.

Se o defeito ou deformidade for secundária, a cranioplastia pode ser realizada já no final da craniotomia (cirurgia no crânio), ou como uma nova neurocirurgia, após o evento que provocou o defeito ósseo craniano (nesta última há separação temporal).

Há inúmeras causas ou eventos que promovem falhas ósseas do crânio como deformidades crânio - faciais, trauma, infecções, tumores e cirurgia prévia.

O defeito ósseo do crânio é indesejável tanto para o efeito estético quanto para o risco de trauma direto na topografia da falha óssea.

Além disso, a síndrome do trefinado, uma complicação reconhecida dependendo da craniectomia pode atrasar a recuperação clínica - neurológica e levar a um mau resultado na evolução do paciente. Sendo assim a falha óssea pode levar a profundas mudanças na dinâmica cerebral através dos seguintes mecanismos:

  • impedimento do retorno venoso e, assim, alteração local de hemodinâmica cerebral
  • efeito da pressão direta das cicatrizes, dura - máter, pele e o ambiente (pressão atmosférica) no córtex cerebral
  • alterações locais na dinâmica liquórica

Na prática comum do neurocirurgião pode - se realizar a restauração da falha óssea dependendo do seu tamanho com o uso de retalho ósseo (enxerto) do:

  • próprio indivíduo
  • outro indivíduo da mesma espécie
  • outras espécies  
  • substitutos de osso fora do reino dos tecidos vivos como os metais (ouro, prata, titânio, platina, alumínio), plásticos e cimentos (hidroxiapatita)

Historicamente há fortes evidências que as primeiras cranioplastias foram realizadas pelos cirurgiões Incas no Peru há mais ou menos 3000 A.C. utilizando - se de metais preciosos e cabaças.

Sempre que possível, a utilização do retalho ósseo (enxerto) do próprio indivíduo é preferível, embora isso, às vezes, seja inviável devido a sua quantidade insuficiente ou mesmo a sua pouca maleabilidade para se moldar na falha óssea do crânio a ser corrigida.

Destacamos que houve um grande impulso no uso de enxertos e modernização da técnica de cranioplastia no início do século XX, consequente aos estragos da Segunda Guerra Mundial que, resultaram em uma série de grandes defeitos cranianos nos indivíduos sobreviventes aos campos de batalha.

Assim ao longo dos tempos uma enorme variedade de materiais foram sendo empregados para a reparação dos defeitos cranianos.

O material substituto ideal deve ser forte, leve, maleável, não-condutivo termicamente, esterilizável, seguro, inerte, radiotransparente, não magnético, esteticamente agradável, prontamente disponível e barato.

O metilmetacrilato descoberto em 1939 e amplamente estudado na década de 1940 possui uma série de qualidades desejáveis como as descritas acima, se aproximando do material ideal e, até hoje, o acrílico é o material mais empregado, apresentando resistência e força medianas, produzindo reações tissulares aceitáveis, com capacidade de aderir firmemente ao osso, não termocondutor, de fácil obtenção e baixo custo.

A recontrução da falha óssea pode ser realizada através da prototipagem que é o método de reprodução de seguimentos corporais a partir da imagem adquirida por exames radiológicos como a tomografia computadorizada de crânio (TC) com cortes finos (1mm) e reconstrução tridimensional - 3D e/ou a ressonância magnética de crânio (RMN). Existem várias formas de prototipagem empregadas para criação de biomodelos (replicação da morfologia de uma estrutura biológica em substância sólida) e, dentre eles, o de estereolitografia é o mais utilizado atualmente.

Tem sido amplamente utilizada na área médica para construção de moldes que facilitam a simulação e programação cirúrgica, assim como criar próteses definitivas que permitem a reconstrução do crânio evidenciando as reais proporções da falha óssea.

Possibilita ainda a construção da prótese reparadora com diferentes materiais como: metilmetacrilato, titânio (malhas) e hidroxiapatita (entre outros).

As vantagens apresentadas por este método para auxiliar a realização de cranioplastia apontadas na literatura são: redução do tempo cirúrgico, facilitação técnica com conseqüente diminuição da taxa de infecção e melhor resultado estético.

Além disto, não poderíamos deixar de enfatizar que a simulação do procedimento neurocirúrgico com a prótese pré - moldada, durante a consulta pré - operatória, permite ao paciente melhor entendimento de sua patologia e do procedimento a ser realizado.

A seguir abaixo apresentamos modelos de crânio - cranioplastia prototipada (molde da prótese pré - confeccionada):

Figura 1. Visão do crânio  Figura 1. Visão do crânio
Figura 2. Prótese fixada à falha óssea recobrindo o leito receptor da região frontal com incidência frontal  
Figura 2. Prótese fixada à falha óssea recobrindo o leito receptor da região frontal com incidência frontal
Figura 3. Prótese fixada à falha óssea recobrindo o leito receptor da região frontal com incidência em perfil Figura 3. Prótese fixada à falha óssea recobrindo o leito receptor da região frontal com incidência em perfil

Apresentamos também imagens de tomografia computadorizada de crânio (T.C.) com reconstrução tridimensional - 3D, demonstrando tanto a falha óssea da região fronto - têmporo - parieto - occipital direita quanto a prótese fixada à falha óssea recobrindo o leito receptor com incidências frontal e lateral (Figuras 4 e 5).

Figura 4. Incidência frontal Figura 4. Incidência frontal
  Figura 5. Incidência lateral

Figura 5. Incidência lateral

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